Estamos a contribuir para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)?
Em 2015, foi adotada pelas Nações Unidas a Agenda 2030, onde se definiram objetivos sociais, ambientais e económicos para a humanidade a atingir até 2030, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que são 17 e contêm 169 metas no total.
Na Agenda 2030 reconhece-se um papel importante para atingir os ODS ao setor privado e às empresas, para além das instituições governamentais, tanto que o objetivo 17 debruça-se exatamente sobre as parcerias para atingir os objetivos.
As empresas, independentemente do seu tamanho e setor, podem implementar algumas destas metas e, assim, contribuir para que estejamos mais perto de atingir os ODS. Quisemos descobrir como os atores económicos do setor cosmético (fornecedores, produtores e consumidores) podem contribuir para os ODS.
Contribuir para os ODS
A indústria cosmética impacta a sociedade e o desenvolvimento a vários níveis : diretamente no meio ambiente , através dos ingredientes que decide usar, dos processos produtivos que escolhe (fontes de energia, maquinaria, entre outros), de como decide gerir os recursos consumidos e resíduos gerados; e ao nível do impacto nos seus trabalhadores. Grandes e pequenas empresas podem mobilizar-se para a concretização dos ODS. Se a pergunta é: ‘Mas, como?’, continua a ler.
Para atingir o ODS 6 (Água e saneamento) é possível diminuir o consumo de água em produção (fórmulas com menos água, gestão da água dentro das instalações produtivas), rever a pegada hídrica dos ingredientes usados e respeitar em absoluto os limites previstos para as características das águas residuais geradas na produção (minimizando a emissão de resíduos químicos, por exemplo) e na forma como devem ser feitas as suas descargas.
A energia, ODS 7 (energias renováveis) também é uma oportunidade para o setor da cosmética, seja industrial ou de pequena escala. A escolha de fornecedores que usam energia limpa e/ou instalação de sistemas de auto produção de energias renováveis ou de criação de energia através da valorização de resíduos da própria produção que não podem voltar ao ciclo produtivo de outra forma diminuiriam de forma importante as emissões do setor.
Relativamente ao ODS 8 (Trabalho decente e crescimento económico) uma ferramenta que possa medir as condições sociais em que os ingredientes/produtos foram obtidos, permitiria privilegiar os que se cultivam e produzem de forma socialmente justa e correta, permitindo ao consumidor (fornecedor, produtor ou cliente final) selecionar produtos que promovam o trabalho decente.
Os ODS 9 (indústria, inovação e infraestrutura) e ODS 12 (Produção e consumo sustentáveis) podem ser reforçados através de escolhas produtivas: métodos usados, os consumos gerados (em recursos e energia consumida) e toda a gestão dos resíduos gerados em produção. Também o desenho dos produtos é importante, para que possam integrar-se no ciclo biológico, podemos perguntar-nos: quão fácil é a sua biodegradação? Devolve nutrientes ao meio ambiente? Podemos reaproveitar matéria-prima no final do ciclo de vida do produto? Que medidas se tomam para reduzir o desperdício de produtos não escoados ou não utilizados? Toda a inovação que pode ser criada pelas empresas relativamente a produtos, processos e modelo de negócio criam valor para atingir estes dois ODS.
No âmbito dos ODS mais centrados no ambiente: ODS 13 – Combater as alterações climáticas, 14 – Oceanos, Mares e Recursos Marinhos, 15 – Ecossistemas Terrestres e Biodiversidade, a indústria cosmética poderia: ativar planos que contemplassem a captura de carbono gerado com as suas atividades, de forma a cortar emissões; integrar elementos regenerativos da natureza ao seu plano/modelo de negócios. E porquê regenerativos? A cosmética depende de ingredientes tanto sintéticos como naturais, sendo também ela uma consumidora de recursos agrícolas, de terra, de água e de recursos renováveis e não renováveis.
Uma ação concertada de I&D no setor poderia evitar o consumo de recursos não renováveis e poluentes (como o petróleo e derivados), que continuam a ser usados na obtenção/fabrico de alguns ingredientes sintéticos. As empresas que produzem esses produtos podem ser ajudadas a torna-los eco eficientes, continuando assim a sua atividade comercial, mas adaptadas à sustentabilidade operacional que é urgente implementar.
A criação de legislação e de ferramentas que permitam aos fornecedores de ingredientes dar mais informação sobre a pegada ecológica dos ingredientes, desde a produção até ao seu nível de biodegradação, a ser integrada na Ficha Técnica por exemplo, ajudaria os produtores e a indústria a tomar decisões mais informadas, permitindo diminuir os impactos ambientais dos produtos ao longo de todo o ciclo de vida, ao optar por ingredientes mais eco eficientes.
Para terminar, o ODS 17, que foi abarcado ao longo do texto: parcerias para a sustentabilidade. É fundamental que o setor se articule: governos, produtores de matérias-primas, indústrias transformadoras (fornecedores), produtores e até mesmo os consumidores finais. É fundamental criar um roadmap comum que todos possamos seguir e entender. Comunicando de forma clara e simples o que fazemos e o que ainda podemos fazer, para tornar a indústria cosmética mais sustentável e contribuidora aos ODS, que são de todos nós.







